Órgão vinculado à Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura  
Fepam
    Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler - RS   
 

QUALIDADE AMBIENTAL

QUALIDADE DAS ÁGUAS DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO JACUÍ


HISTÓRICO

Em abril de 2002, teve início a Rede Integrada do Pró-Guaíba, também com a participação da Fepam, Corsan e Dmae, mas neste trabalho são utilizados apenas os dados gerados pela Fepam na Rede Pró-Guaíba
As coletas e análises são realizadas pelo Departamento de Laboratório da FEPAM, e os dados são armazenados e interpretados pelo Departamento de Qualidade da FEPAM. Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias:

  1. comparação com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA;
  2. I Q A – Índice de Qualidade da Água.
DESCRIÇÃO DA ÁREA

A bacia hidrográfica do rio Jacuí tem área de 71.600 km2, que corresponde a 83,5 % da área da região hidrográfica do Guaíba.
O rio Jacuí nasce no Planalto, nos municípios de Passo Fundo e Marau, e toda a sua área de drenagem caracteriza-se pelo uso intensivo do solo para agricultura e pecuária.
O seu trecho superior caracteriza-se também pelo aproveitamento energético, onde estão instaladas as UHEs Ernestina, Passo Real, Salto do Jacuí, Itaúba e Dona Francisca.
O rio Jacuí tem suas principais nascentes localizadas no Planalto, cerca de 10 km a leste da cidade de Passo Fundo, numa altitude aproximada de 730 m. Seu comprimento total aproximado é de 710 km. Corre, na direita, o rio Jacuí-mirim; muda para a direção sul até a Depressão Central, onde recebe as águas dos rios Vacacaí-mirim e Vacacaí na margem direita. Daí toma a direção oeste-leste, com a denominação de Baixo Jacuí recebe a contribuição do rio Taquari na margem esquerda, e percorrendo cerca de 300 km até sua foz, com e formação do Delta do Jacuí, onde desembocam os rios Gravataí, Sinos e Caí.
A precipitação média anual na bacia é variável, atingindo 1.600 mm no seu valor mais alto, nas zonas compreendidas pelo curso principal do rio Jacuí até a foz do Jacuizinho e pelas cabeceiras do rio das Antas. O seu valor mais baixo, em torno de 1.200 mm anuais, encontra-se na zona compreendida pelo curso principal do rio Jacuí, entre Dona Francisca e a confluência com o rio Taquari.
Os principais contribuintes do Jacuí, em sua margem direita são os rios Jacuí-mirim, Ivaí, Vacacaí-mirim e Vacacaí, e na margem esquerda os rios Jacuizinho, Pardo e Taquari.
Na área de drenagem da bacia do Jacuí encontram-se aglomerações urbanas de porte significativo, destacando-se as cidades de Santa Maria (face leste), Cachoeira do Sul, Rio Pardo, São Jerônimo, Triunfo, Caxias do Sul (face norte que drena para o rio das Antas), Bento Gonçalves (drena para o rio das Antas), Lajeado (rio Taquari), Estrela (rio Taquari) e Taquari (rio Taquari).     
A bacia hidrográfica do Jacuí, formada pelas áreas de drenagem do Vacacaí, Vacacaí-mirim, Pardo, Taquari, Antas e o próprio Jacuí, além de outros mananciais, é das mais importantes bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul.
A área norte do rio Jacuí predominam as culturas intensivas de soja e trigo, através do sistema de cultura rotativa. Na área sul aparece, além destas culturas, o cultivo do arroz e um incremento da pecuária..
Salientamos que o mau uso do solo agrícola e a falta de práticas conservacionistas conduzem aos processos de erosivos, com o aumento da turbidez e dos sólidos totais nas águas desta bacia.
Portanto, o mau uso do solo agrícola associado a aplicação indiscriminada de agrotóxicos contribuem para a degradação da qualidade ambiental nesta bacia.
Destaca-se a demanda de água para irrigação de lavouras de arroz, que somam cerca de 78.000 ha plantados, que necessitam, no período de novembro e abril, cerca de 140.000 m3/s. Fica claro então a necessidade de um planejamento adequado dos recursos hídricos devidos aos conflitos de uso de quantidade de água. Já ocorreram conflitos de uso de demanda de água, entre lavouras de arroz e sistemas de abastecimento público, especialmente em períodos de estiagem. Estes e outros assuntos são objetos de debates e estudos nos 4 comitês de bacias existentes na região, quais sejam: Comitê Alto Jacuí, Comitê Baixo Jacuí, Comitê Vacacaí/Vacacaí-mirim e Comitê Pardo.
No trecho final do rio Jacuí destacam-se as atividades de mineração de carvão e operação de usinas termelétricas à carvão.
O rio Jacuí é navegável da foz até Cachoeira do Sul, trecho onde se localizam 3 eclusas para navegação. É o principal trecho de pesca comercial de águas interiores do Rio Grande do Sul.

LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM

A Rede de Monitoramento da Bacia Hidrográfica do Jacuí tem freqüência trimestral.

QUADRO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM
R I O   J A C U Í
CÓDIGO COORDENADAS LOCALIZAÇÃO
JA  061 S     29°  57’  14,0”
W   51°  45’  48,3”
Montante da foz do rio Taquari
JA 144  PD 001    S    29°  59’  29,6” W   52°  23’  04,5” Foz do rio Pardo.
JA144  PD117 S     29°  32’  34,3”W   52°  48’  56,4” Trecho superior do rio Pardo, montante de Candelária
JA 277  VM 034 S     29°  48’  01,5”
W   53°  22’  06,4”
Rio Vacacaí-mirim, Restinga Seca
JA 271  VC 049 S     29°  55’  25,9”W   53°  25’  06,3” Foz do Vacacaí, no Passo das Tunas
JA 271  VC 091 S     29°  56’  12,8”
W   53°  42’  40,5”
Rio Vacacaí, em Passo Verde
JA 333 S     29°  42’  25,5”
W   53°  17’  05,6”
Rodovia RST-287
JA  557   S      28°  43’   12,6”
W    52°   50’   58,6”
Espumoso
JA 703 S     28°  18’  42,9”
W   52°  18’  25,1”
Nascentes,  RS-324

Quadro 1 – Rede de Monitoramento da Qualidade das Águas do Rio das Antas e Rio Taquari – RS


METODOLOGIA

Para interpretação dos dados foram utilizadas duas metodologias:

  1. comparação com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA;
  2. I Q A – Índice de Qualidade da Água.

Para interpretação dos dados comparando com a Resolução nº 357 / 05 do CONAMA, foram utilizados os parâmetros oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e coliformes termotolerantes, com representações gráficas das concentrações médias e gráficos das freqüências das Classes do Conama, para estes parâmetros em cada local de amostragem ao longo do período monitorado.
Serão utilizados também gráficos dos metais pesados as respectivas freqüências das Classes do Conama.
O Índice de Qualidade da Água – IQA utilizado é uma adaptação do IQA desenvolvido pela NSF – National Sanitation Foundation. São apresentados gráficos das médias anuais de IQA para cada local monitorado. A adaptação do IQA foi realizada por técnicos da Fepam, Corsan e Dmae quando da implantação da Rede Integrada de Monitoramento do Rio dos Sinos (1990-1996), através do Comitesinos.

QUALIDADE DAS ÁGUAS

ÍNDICE DE QUALIDADE DAS ÁGUAS - IQA

O IQA adotado utiliza as seguintes faixas de qualidade:

NOTA CONCEITO
0 a 25 Muito Ruim
26 a 50 Ruim
51 a 70 Regular
71 a 90 Boa
91 a 100 Excelente

Tabela 1 ? Faixas do Índice de Qualidade das Águas ? IQA, adotado pelo NSF-National Sanitation Foundation.

O monitoramento iniciou em abril de 2002, com freqüência trimestral.
O trecho superior do rio Pardo (montante de Candelária), as nascentes do Jacuí e o trecho de Agudo apresentaram resultados nas faixas “Boa” e “Regular”.
Os demais locais de amostragem, nos rios Jacuí, Vacacaí, Vacacaí-mirim e Pardo apresentam qualidade na faixa “Regular”, não indicando tendências.


Figura 1 – Índices de Qualidade das Águas - IQA, valores anuais dos locais de monitoramento da bacia hidrográfica do rio Jacuí  - RS.

Concentrações de Oxigênio Dissolvido

Em todos os locais monitorados predominam os resultados de Classe 1, mas nos rios Vacacaí, Vacacaí-mirim, foz do rio Pardo e na confluência do Jacuí com o rio Taquari encontramos alguns resultados nas Classes 2 e 3.
Avaliando as médias anuais, praticamente todos os locais apresentam médias anuais superiores a 6,0 mg/L (Classe 1).


Figura 2- Freqüências das Classes de Oxigênio dissolvido.


Figura 3 – Concentrações médias anuais de Oxigênio Dissolvido.

Concentrações de DBO

As concentrações de matéria orgânica nos locais monitorados do rio Jacuí e afluentes foram predominantemente de Classe 1 (inferiores a 3,0 mg/L). As médias anuais estão em torno de 1,0 a 2,0 mg/L, mas no Passo das Tunas e na foz do rio Pardo alcança média anual na faixa de 2 a 3 mg/L..
A bacia hidrográfica do Jacuí devido ao seu grande volume de água provavelmente dilui a matéria orgânica nela lançada.


Figura 4 – Freqüências das Classes de DBO.


Figura 5 - Concentrações médias anuais de DBO.

Concentrações de coliformes termotolerantes

Destacamos três locais onde predominaram os resultados de Classe 2, quais sejam: Nascente, Espumoso e o rio Vacacaí-mirim. Trata-se de uma região de intenso uso agrícola e de baixa vazão, sendo esta a provável causa dos resultados deste local, sendo que o ponto de Espumoso é na frente da cidade, não havendo ainda uma diluição dos esgotos. Os demais locais alternam resultados nas Classes 1 a 3. A foz do rio Pardo apresentou predominância de Classe 3, também devido a proximidade da cidade de Rio Pardo.
No entanto, as médias anuais das concentrações de coliformes fecais foram, em geral, inferiores a 1.000 nmp/100mL (Classe 2). 


Figura 6 - Freqüências das Classes de coliformes termotolerantes.


Figura 7 - Concentrações médias anuais de coliformes termotolerantes.

Concentrações de metais pesados

A atual Resolução CONAMA nº 357 / 05, publicada em 18/03/2005, revoga a Resolução CONAMA nº 20/86, e nesta nova legislação os padrões de chumbo, cobre e cromo total estão agora bem mais restritivos.
Destacam-se os metais chumbo, cobre e zinco, que agora apresentam resultados fora das Classes 1 e 2 em variados locais.
Os metais chumbo e cobre ainda apresentam concentrações fora da Classe 3 em três locais de amostragem (Figura 9).


Figura 8 – Percentual de análises acima das Classes 1 e 2 do CONAMA.


Figura 9 - Percentual de análises acima da Classe 3 do CONAMA.

CONCLUSÕES

O monitoramento trimestral da qualidade das águas da bacia hidrográfica do rio Jacuí, abrangendo os rios Vacacaí-mirim, Vacacaí e Pardo, teve seu início em abril de 2002. No entanto, os dados já sinalizam os problemas na área de nascente, onde há uso agrícola intensivo, e no local há uma ponte de uma rodovia federal onde é intenso o tráfego de caminhões. O local não tem característica de nascente, pois o uso do solo é intenso.
Os rios formadores, até o momento apresentaram bons resultados, especialmente o trecho superior do rio Pardo, este sim com características típicas de nascente.
O trecho da foz do rio Pardo apresenta contaminação por coliformes fecais.
Alertamos que para avaliar as possíveis contaminações por agrotóxicos, e que deveria ser realizada pesquisa direcionada para este fim, utilizando análises para os princípios ativos utilizados nestes produtos, especialmente nas culturas de trigo e soja.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
  1. FEPAM / DPD, 1998. Qualidade dos recursos hídricos superficiais da bacia do Guaíba - subsídio para o processo de Enquadramento. Simpósio Internacional sobre Gestão de Recursos Hídricos. Gramado.

  2. FEPAM Fundação Estadual de Proteção Ambiental / PRÒ-GUAIBA, 1997. Diagnóstico da poluição gerada pelas indústrias localizadas na área da bacia hidrográfica do Guaíba. Porto Alegre.

  3. LEITE, Enio.H.; COBALCHINI, Mª Salete.; SILVA, Mª Lucia C; ROESE, Ingrid A . Rio Gravataí – RS. Qualidade atual x Enquadramento. XXIIº Congresso Brasileiro de Engenharia Ambiental – ABES. Joinville, 2003. 

  4. BENDATI, M.M.; SCHWARZBACH, M.S; MAIZONAVE, C.R.M.; BITTENCOURT, L.; BRINGHENTI, M. Avaliação da qualidade da água do Lago Guaíba  (Rio Grande do Sul, Brasil) como suporte para a gestão da bacia hidrográfica. Anais do XXVII  Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental. Porto Alegre, 2000.





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